quinta-feira, 18 de junho de 2009

A compensação

Pelo amor de Deus, não me venham com faixas dizendo “EU ACREDITO”. Essa é a mais derrotista de todas as formas de motivação de um time de futebol. Para uma equipe de futebol experiente como esta, não será necessário este tipo de apelo sentimentalóide, tão exercitado pela torcida do Fluminense, em 2007. Deu no que deu: LDU !

O que me conforta é receber torpedos de tricolores, elogiando o gol do Ronaldo. Já? Assim, tão cedo? A respeito do time da Azenha, recomendo a leitura do artigo do Sérgio Xavier, no Jornal da Placar, intitulado “Um Grêmio de Argila” - http://jornalplacar.abril.com.br/blogs/sergio-xavier/gremio-argila-174770_p.shtml .

Recordo-me da história de um amigo de infância que, ao final de uma árdua, tensa e difícil concretização de um negócio, que lhe tomou meses de trabalho árduo, cansativo e estressante, mas que lhe reconfortava porque o resultado melhoraria muito a vida da empresa e de muitas pessoas. Para relaxar, chutou o balde e se foi ao comércio de corpos local. Lá chegando, contratou os serviços profissionais de quatro, vejam bem, eu disse QUATRO moçoilas e resolveu todos os seus problemas. Quer dizer, quase todos: já meio tocado com as cervejas que tomara antes, pagou a conta com cartão de crédito. E esqueceu do fato. Chegada a fatura na humilde residência, a titular, subiu nas pantufas, estufou o peito, enchendo ainda mais o chambre para cobrar, com imposição física e moral, as devidas explicações: - Mas o que é isto? Onde foi que tu gastou setecentos e quarenta reais? E o meu amigo, calmamente, rodado no assunto, respondeu: Tu não tem jeito mesmo. Estragou a surpresa! Esqueceste que daqui a dez dias estamos de aniversário de casamento? A mulher, ainda que desconfiada, desfranziu o cenho, fazendo desaparecer as duas rugas surgidas intempestivamente entre as sobrancelhas. O chambre desinchou-se, apenas a pantufa, em ato involuntário, teimava em lustrar o piso. Vendo que a situação se acalmara, meu amigo ganhou a rua sob o pretexto de comprar um filé com nata para a janta. E dali ganhou as ruas da cidade, de joalheria em joalheria, procurando por um par de brincos, uma pulseira, um colar, o raio-que-o-parta que custasse exatamente os setecentos e quarenta reais para, ainda naquela noite, selar a paz conjugal.

Encontrar o resultado após a derrota de ontem à noite não passa, evidentemente, apenas pela corrente de pensamento positivo da nação colorada. Passa, ao revés, pelo exame dos erros cometidos durante a partida que nos colocou em complicada situação para o jogo da volta. Passa pela consciência de que não tínhamos uma defesa com três zagueiros, o que permitiu a Marcelo Oliveira usufruir de uma avenida pela direita. E pela falha na cobertura de Marcelo Cordeiro, com muitas dificuldades de parar Jorge Henrique. E porque Magrão simplesmente teve sonegada a cadência e o domínio da bola, em virtude da velocidade do jogo, fruto, também, da modificação do sistema defensivo, com um ala e um zagueiro que, ainda que tenha velocidade, ainda não percebeu que, na área, não se dá bote. Da mesma maneira, a chave para a vitória passará pelo domínio do jogo, pelo controle da bola, pela triangulação que ontem funcionou em três lances, todos salvos por Felipe. E se fizermos gol cedo, passa por marcar as cobranças de faltas, impedindo que elas sejam feitas rapidamente, como Elias reconheceu que faz sempre e nunca houve problema algum.

Manter a cobrança, por parte da diretoria, a respeito da complacência do apitador, que não excluiu nenhum dos quatro jogadores do adversário que estavam pendurados pelo cartão amarelo. Chicão, em um deles, parou um contra-ataque e sequer recebeu admoestação do árbitro. Mas isso é papel para o Fernando Carvalho. E isso já está sendo feito.

O grupo deve se fechar em torno do objetivo, estudar o adversário incansavelmente, pensar alternativas para o jogo e buscar a máxima e sublime concentração. Nem preciso lembrar de Magic Paula, que após receber a medalha de ouro das mãos do comandante-em-chefe Fidel Castro, cunhou a célebre “no esporte, o mais bonito é a superação”.

No nosso caso, nem se trata disso, pois a qualidade prepondera, sempre. A qualidade, com Nilmar e Kleber, aliada ao maior nível de testosterona, que também é importante nestas horas, porque na verdade se trata de, como o meu amigo, após um desatino buscar um desafogo, procurar e encontrar um presente de igual valor: dois a zero. Mas se for possível comprar um presente por três gols de diferença, sofreremos um pouco menos.

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